domingo, 15 de agosto de 2010

O lugar Perfeito




Existem coisas na vida que não tem preço (plagiando os gênios da publicidade). 

Lá na minha antiga fazenda (que para mim vai ser sempre a "minha fazenda") existia um lugar mágico. Lugares mágicos são aqueles onde você se sente em outro planeta. Esse meu refúgio ficava em cima de um morro, perto de uma capela, às 17:30. 
Tinha que ser nesse horário e em dia de sol.

O lugar era indescritível. 

O sol batia no capim, que balançava com o vento. Seu balanço era lindo e sincronizado. O capim ficava dourado pelo reflexo dos raios do sol e este se mistura com o horizonte verde e infinito. Aquilo era reconfortante e milagroso. Fui lá muitas vezes, muitas mesmo. Era meu lugar secreto, na minha hora secreta, onde eu atingia um estado de espírito mais que secreto. Quando caminhava vagarosamente até lá, levava minhas músicas preferidas e ficava horas sentada no chão. Fechava os olhos pra sentir o barulho e a sensação do vento batendo no meu rosto, os passarinhos cantavam baixinho como se não quisessem atrapalhar, escutava os sons da mata, da vida que era abundante naquele lugar, o som do nada... e então abria os olhos e podia ver como o mundo era perfeito.

A vontade de compartilhar daquele lugar com outras pessoas era um sonho que pouquíssimas vezes consegui realizar e agora que não existe mais, ficou aquele gosto amargo de saudade. 
ainda consigo fechar os olhos e enxergar aquele paraíso novamente. Sou capaz até de sentir a mesma sensação de frescor e liberdade.

O tempo anda para frente, sempre... e por mais que coisas preciosas como essa tenham ficado para trás, ainda existe um lugar dentro de mim, igual aquele. Nele eu ainda sento e vejo, acima de todos os detalhes pequenos, a imesidão linda... bem distante... até onde meus olhos podem alcançar. 

Isso me lembra um texto sobre o rio que diz assim:

"Diz-se que, mesmo antes de um rio cair no oceano ele treme de medo.
Olha para trás, para toda a jornada, os cumes, as montanhas, o longo
caminho sinuoso através das florestas, através dos povoados, e vê à sua frente um oceano tão vasto que entrar nele nada mais é do que desaparecer para sempre. 
Mas não há outra maneira. O rio não pode voltar. Ninguem pode voltar. Voltar é impossível na existência. Você pode apenas ir em frente. O rio precisa se arriscar e entrar no oceano. E somente quando ele entra no oceano é que o medo desaparece . Porque apenas então o rio saberá que não se trata de desaparecer no oceano, mas tornar-se ele. 
Por um lado é desaparecimento e por outro lado é renascimento. 
Assim somo nós, voltar é impossível na existência. Você pode ir em frente e se arriscar. Coragem, torne-se oceano."

Tenho certeza que no imenso oceano dentro do meu peito, ainda carrego as folhas do meu lugar secreto.


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