segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Resenha do blog OH MY DOG de Felipe Miranda



"Eu não consigo classificar “O portal” em um único gênero literário,me desculpem.
Quando vi a capa e sinopse,pensei que fosse ficção,algo bem fantasioso,etc.Quando comecei a ler tive a impressão de estar lendo um leve suspense policial,em outras partes do livro me pareceu um romance.E pelo final do livro,que me fez derramar muitas lágrimas,eu tirei a conclusão que não posso classifica-lo.Vocês tem que ler e descobrir o quanto “O portal” é incrível."

Para continuar lendo a resenha acesse:  http://migre.me/7iEkB

Felipe Miranda, beijos e obrigada pelo carinho :*)


quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Resultado da Promoção de Natal "O Portal"


Não poderia deixar de comemorar o Natal e o aniversário do livro "O Portal" sem uma grande promoção!

Para concorrer é fácil! Basta ser meu seguidor no twitter (@Eliane_Raye) e RT a frase:

"Nesse Natal vou ganhar "O Portal" de presente!  http://migre.me/7eQEO"


Para os seguidores do Facebook, basta curtir a página O Portal

O sorteio será feito no dia 26 de dezembro às 14:00 hs e o grande vencedor irá ganhar:

- 1 exemplar do livro "O Portal" autografado
- 1 bloco de anotações do livro "O portal".
- Marcadores e folhetos
- Surpresinha de Natal

Corre que o tempo é curto!

Um Feliz Natal super especial para todos!


O sorteio pelo random.org ( Ainda tenho que aprender a fazer pelo sorteie.me) deu o número 


45


De acordo com a lista do site migre.me com o link: 

 http://migre.me/7eQEO

A vencedora no twitter é:







@Patricia7soares




No Facebook o número sorteado pelo random. org. foi:


54



E pela ordem de pessoas que "curtiram" o livro a vencedora é:

Erica Marts





Parabéns, queridas Patrícia e Erica. Sejam bem-vindas ao meu círculo de amigos leitores que tanto adoro!

Aguardo o e-mail de vocês com o endereço de correspondência. Escrevam para   elianev@gmail.com

Os presentes serão enviados na próxima segunda-feira (02 de janeiro).




Para os outros participantes que ainda não ganharam, no blog da Smurfet ainda está valendo a promoção até amanhã no link: .

Para concorrer à marcadores e o exclusivo primeiro capítulo do "O Portal 2", concorram no blog "O capítulo do Livro" no link  .


Para concorrer à mimos do livro O blog "Inteiramente Diva" está dando essa chance! 




E não desistam... Aguardem que ano ano que vem tem muito mais!

Um Feliz 2012 com muita paz!

domingo, 18 de dezembro de 2011

Uma linda parábola de Natal


"Havia, no alto de uma montanha, três pequenas árvores que sonhavam o que seriam depois de grandes. 


A Primeira, olhando as estrelas, disse: 


— Eu quero ser o baú mais precioso do mundo, cheio de tesouros. Para tal até me disponho a ser cortada. 

A Segunda olhou para o riacho e suspirou: 

 E eu quero ser um grande navio para transportar reis e rainhas. 

A Terceira árvore olhou o vale e disse: 

 Quero ficar aqui no alto da montanha e crescer tanto que as pessoas, ao olharem para mim, levantem seus olhos e pensem em Deus. 


Anos se passaram e certo dia vieram três lenhadores nada ecológicos e cortaram as três árvores, ansiosas em serem transformadas naquilo em que sonhavam. Mas lenhadores não costumam ouvir e nem entender sonhos... 

Que pena ! 

A primeira árvore acabou sendo transformada num coxo de animais, coberta de feno. 

A segunda virou um simples e pequeno barco de pesca, carregando gente e peixes todos os dias. 

E a terceira, mesmo sonhando em ficar no alto da montanha, acabou cortada em grossas vigas e colocadas de lado num depósito. 

E todas as três perguntavam desiludidas e tristes: Para que isso ? 

Mas, numa certa noite cheia de luz e estrelas, onde havia mil melodias no ar, uma jovem mulher colocou o seu bebê recém-nascido naquele coxo de animais. E, de repente, a Primeira árvore percebeu que continha o maior tesouro do mundo. 

A Segunda árvore, anos mais tarde, acabou transportando um homem que acabou dormindo no barco. Mas quando a tempestade quase afundou o pequeno barco, este homem levantou e disse: "Paz !" E num relance, a Segunda árvore entendeu que estava carregando o rei do céu e da terra. 

Tempos mais tarde, numa sexta-feira, a Terceira árvore espantou-se quando suas vigas foram unidas em forma de cruz e um homem pregou nela. Sentiu-se horrível e cruel. Mas no Domingo seguinte vibrou de alegria e a Terceira árvore entendeu que nela havia sido pregado um homem para a salvação da humanidade, e que as pessoas sempre se lembrariam de Deus e de Seu Filho Jesus Cristo ao olharem para ela. 

As árvores haviam tido sonhos... 

Mas as realizações foram mil vezes melhores e mais sábias do que haviam imaginado."

Autor desconhecido


Desejo a todos vocês, do fundo do meu coração , que todas as realizações sejam infinitamente maiores que todos seus sonhos.


domingo, 11 de dezembro de 2011

O portal 2



"Leonardo passou as mãos de leve pelo rosto de Lizzie. Seu semblante ainda era o mesmo. Jovem e cheio de vida. Com carinho, enxugou as lágrimas, esfregando-as com o dedo. Precisava sentir cada pedaço dela. Devagar aproximou-se e beijou-a com paixão. Entrelaçava os dedos pelos cabelos macios de Lizzie e cada célula de seu corpo, antes negligenciado pela rotina, tinha uma textura única e rara. O beijo explodiu em uma gargalhada de felicidade plena e permaneceram em silêncio por alguns minutos, curtindo a presença tão desejada entre eles."


terça-feira, 29 de novembro de 2011

Entrevista com a leitora: Thaísa Farias








1) Do que mais gostou no livro "O Portal"?

A forma como foi escrito, clara e envolvente, digna de grandes nomes da literatura. Os personagens também, bem reais, como a mãe de Elizabeth, com defeitos que pouca gente gosta de falar mas que estão presentes nas melhores famílias.
Sim! E os cenários! Quem não se sentiu em Nova Iorque?
Outra coisa bem interessante e feita com muito bom gosto foi a "alternância" de tempo. Ora conta-se a história de Robert, o pai da nossa protagonista, ora estamos lendo o dia a dia de Lizzie e todo o mistério em que ela está envolvida.

2) Qual é o seu personagem preferido? Porque?

Acho que Flávia, a amiga de Lizzie que trabalha na biblioteca da faculdade. É a personagem mais engraçada, inocente, que nunca lê nas entrelinhas.

3) Para você, no primeiro volume, qual o gênero que mais se destacou, Romance ou suspense?

Os dois! Você fica tão aflita sobre o segredo, sobre o portal, as marcas, a história, todo o mistério... Mas ao mesmo tempo não para de pensar em "com quem Elizabeth vai ficar?". Bom, eu acertei quem seria seu par!

4) Qual livro está lendo no momento? Indicaria este livro para outros leitores?

Estou lendo "Dez coisas que eu gostaria que Jesus nunca tivesse dito", de Victor Kuligin. Pelo título, percebe-se que é um pouco polêmico, mas é excelente. Faz-nos refletir sobre o que estamos de igreja. Todos deviam ler, se questionar e fazer a diferença.




Super recomendo O Portal. Junto com Dom Casmurro, é meu livro nacional favorito.

Beijos, linda!! :*)

domingo, 27 de novembro de 2011

Codex de Ouro


E finalmente chegou o grande dia! "O Portal" ganhou  o prêmio de melhor Design de capa. Foi uma surpresa, pois os concorrentes eram de primeira. Foi um dia inesquecível... Um sonho. 
Gostaria tanto de compartilhar esse momento com meus leitores queridos. Vocês não tem noção do quanto eu os adoro! Se eu pudesse, batia de porta em porta para dar um abraço apertado e mostrar o prêmio que vocês me proporcionaram.

Espero não decepcioná-los nunca.

Obrigada de coração emocionado...





quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Resenha "O Portal 2" por Bruno Luiz e promoção de marcadores.


Quem leu o primeiro livro, viu que ele terminou sem pontas soltas, o que trouxe inúmeras perguntas, mas como a imaginação de um escritor é muito vasta, logo imaginei que sem dúvida poderia acontecer muita coisa ainda. O novo livro começa com protagonista angustiada com alguns sonhos que anda tendo, e sem revelar que sonhos são logo essa angustia nos é passada, criando um ar de muito mistério, será que alguém do passado voltou? Será que Leonardo é quem diz ser? Será, será, será será? São muitas dúvidas logo de inicio, mesmo com o casamento feliz, ela sente que algo não anda certo. Frescura? Claro que não, pressentimento são nada mais nada menos que percepções inconscientes, mas o que será que ela anda percebendo? Será que apenas os sonhos que andam deixando ela traumatizada? 

Para saber mais e participar da promoção, acesse:


quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Primavera do livros


E a primavera chegou... a do livros. O evento perfeito para fechar o ano. Adoro feiras... O contato direto com os leitores, o carinho, as conversas descontraídas com os amigos.
Estarei na Primavera dos Livros, no estande 44 da Vermelho Marinho, na sexta-feira, a partir das 14:00 hs. Será um fim de semana maravilhoso, pois no sábado estarei concorrendo ao prêmio Codex de Ouro.

A batalha é grande, mas é prazerosa e, apesar de todos os desacertos de 2011, tenho certeza de que em 2012 será um grande ano.

Para conferir a programação completa da Primavera do livros, é só acessar:




X Concurso Municipal de Conto “Prêmio Prefeitura de Niterói”


    O X Concurso Municipal de Conto – Prêmio Prefeitura de Niterói é promovido pela Fundação de Arte de Niterói, através da Niterói Livros, no período de 01 de agosto a 30 de novembro de 2011, com a finalidade de estimular a produção literária, com caráter exclusivamente cultural, visando divulgar e prestigiar obras inéditas. O prêmio será dividido em duas categorias: infanto–juvenil (até 18 anos) e adulto (acima de 19 anos). Os contos selecionados serão reunidos em uma coletânea publicada em 2012 pela Niterói Livros.
Poderão concorrer escritores brasileiros ou não, desde que os trabalhos sejam apresentados em língua portuguesa. Cada participante poderá concorrer com apenas um trabalho inédito, sob pseudônimo, e deverá se inscrever na categoria correspondente a sua faixa etária.
O tema é Livre.





domingo, 20 de novembro de 2011

Stevenson




Quem nunca ouviu falar do famoso “O Médico e o Monstro”? Poucas pessoas, acredito. A história se passa em Londres, onde o misterioso médico  Jekyll consegue, após vários estudos, criar uma poção mágica que transforma sua personalidade. Soa familiar? Claro! Foi obra inspiradora de muitos filmes e desenhos animados. O próprio Piu-piu, em um de seus episódios inesquecíveis junto ao gato Frajola, bebe da famosa fórmula e transforma-se em um gigante pássaro amarelo de hábitos nada simpáticos. Outros filmes como Van Helsing e Mary Reilly foram adaptações da mesma obra para o cinema.

Robert Louis Balfour Stevenson nasceu em Edimburgo, capital da Escócia. Filho de engenheiro civil, era pressionado pelo pai a seguir mesma carreira, mas a saúde debilitada e a fraca inclinação para a área fizeram com que decidisse pela faculdade de Direito, onde escreveu para o jornal universitário, oEdimburgh University Magazine, revelando seu gosto e talento para a arte e literatura. Em 1886, na Inglaterra, publica a obra que o torna celebridade, também do outro lado do Atlântico: “O Estranho Caso de Dr. Jekyll e Mr. Hyde”.


Sempre adorei a história, mas nunca havia chegado às minhas mãos, o original de Stevenson.

Confesso que fiquei emocionada. Eis que me deparei com uma obra fantástica, onde a riqueza de cenários e sensações me tiraram o fôlego. É como se o autor nos levasse em um passeio pelos ambientes sombrios e nos apresentasse seus medos e anseios de maneira verdadeira, drástica, cruel. Um espetáculo! Antes, em minha memória, Jakyll se transformava em Hyde: Um monstro aterrorizante, cabeludo de dentes afiados e olhos vermelhos. Ledo engano. Hyde, na verdade, simboliza o lado carnal dentro de cada um de nós. O personagem traduz, em palavras, nossa luxúria, rebeldia, insatisfação por tudo aquilo que faz parte da conduta moral. De monstro, não tem nada... Somos todos uma mistura, um perfeito mosaico, onde o bem e o mal convivem, em alguns, de maneira harmônica. O livro nos leva a reflexão, por caminhos lindos, de tão bem escritos.

Certa vez, um velho Índio (nome desconhecido) ao descrever conflitos internos. " Dentro de mim existem dois cachorros, um deles é cruel e mau o outro é muito bom e dócil. Eles estão sempre a brigar." Quando então lhe perguntaram. Qual dos dois cachorros ganharia a briga. O sábio índio, refletiu e respondeu. " Aquele que eu alimentar."

Mais que um romance impactante, Stevenson, sem dúvida, soube descrever, como ninguém, os conflitos internos e seus personagens, embora nascidos das páginas de um livro, são verdadeiros reflexos de nossa frágil condição humana.


Faça uma lista




"Faça uma lista de grandes amigos. Quem você mais via dez anos atrás.
Quantos você ainda vê todo dia. Quantos você já não encontra mais.


Faça uma lista dos sonhos que tinha. Quantos você desistiu de sonhar.
Quantos amores jurados pra sempre. Quantos você conseguiu preservar.


Onde você ainda se reconhece. Na foto passada ou no espelho de agora.
Hoje é do jeito que achou que seria? Quantos amigos você jogou fora.


Quantos mistérios você sondava. Quantos você conseguiu entender.
Quantos defeitos sanados com o tempo. Eram o melhor que havia em você.


Quantas mentiras você condenava. Quantas você teve que cometer.
Quantas canções que você não cantava. Hoje assobia pra sobreviver.


Quantos segredos que você guardava. Hoje são bobos ninguém quer saber.
Quantas pessoas que você amava. Hoje acredita que amam você..."



Oswaldo Montenegro

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Sou viciada em açúcar




Sempre me considerei uma pessoa equilibrada, livre de qualquer tipo de vício, se é que isso é possível. Sou apaixonada por chocolate, coca-cola, mas sempre consumi com moderação... será?

Hoje andando pelas ruas do Rio de Janeiro, enquanto me deliciava com um Sundae do meu querido amigo McDonald´s, parei em frente à banca de jornal e assustada reparei em uma revista que alertava sobre o vício em... açúcar.

Como assim? Não sou viciada em açúcar. Não tenho problemas com o peso, minho glicose está normal de acordo com o ultimo exame, não tenho problemas de diabetes na família e ponto final! Mas o subconsciente fala, e quando a lanterna vermelha começa a soar, é porque algo vai mal.

Me recordo bem quando fui ao laboratório buscar os resultados do meu teste de glicose. Eu só conseguia pensar que se algo desse errado eu não sei como faria para deixar de comer meus amados doces... Meu fim de semana foi regado à sorvete com leite condensado e antes de dormir, às escondidas (não sei de quem) comi uma barra de CRUNCH. Hum... meu chocolate preferido! 

Conclusão:
Estou viciada em açucar! Simples assim.

Não tenho mais como me esconder dessa realidade. Não sou mais criança e enquanto meu pâncreas continuar lutando contra meus péssimos hábitos, vou estar salva. Mas a pergunta é... até quando?

Li que o açúcar dá uma certa “bobeira mental”, cientificamente explicada pelo encontro da insulina com um aminoácido chamado triptofano que é rapidamente convertido no cérebro em serotonina, um tranquilizante natural.  Por isso antigamente se oferecia “ água com açúcar” em momentos de tensão.
Além disso a ingestão continua de açúcar faz subir o nível da glicose no sangue, então o pâncreas é obrigado a produzir uma quantidade extra de insulina. A insulina abaixa o nível de glicose e em virtude dessa queda a vontade de comer açúcar volta com mais força. 

Não tem remédio... Vou ter que maneirar.

Como minha batalha começa hoje ( depois do sundae ), devo confessar que vou compartilhar um pouco dos meus temores com vocês. Não vou ser radical, mas vou ter que diminuir muito e posso garantir, não vai ser fácil.

Boa sorte para mim e que no fim das contas, eu possa sentir menos desejo por aquilo que me adoça. (Que pena! O prêmio bem que poderia ser consumir mais... ). Hum... só de falar me lembrei do mashmallow da torta da esquina. Socorro!


Um dia de cada vez... Aí vamos nós! 




sábado, 12 de novembro de 2011

O Ponto de Vista


Uma das dificuldades que eu tinha quando comecei a escrever era entender o que era o PDV, ou seja , Ponto de Vista de uma narrativa. Li vários artigos na ápoca, até encontrar uma amiga escritora que de maneira didática me ensinou o conceito.

Semana passada, enquanto navegava pela internet em busca de artigos para estudo, me deparei com essa pérola escrita pelo Oswaldo Pullen. De maneira muito clara, ele explica o que, para muitos, é um problema. Compartilho com vocês o conceito de PDV e tenho certeza de que será de grande ajuda.


PDV – O ponto de vista
© Oswaldo Pullen

Vimos que existem três elementos que definem essencialmente a cena que são: tempo, lugar e ponto de vista.

Havendo um corte na continuidade temporal, mesmo mantidos o cenário e os  personagens, outra cena terá se iniciado. Na literatura, é usual nesses casos as transições do tipo “Um pouco depois...”, “Tempos mais tarde”, “No dia seguinte”, “Após aquilo”, etc.
Quanto à mudança de cenário, a consequente mudança de cena é bastante clara. Mas, e em cenas de movimento?

Podemos dizer para este segundo caso que a mesma cena só permanece mantido o continuum temporal. Exemplos são cenas ocorridas dentro de automóveis, trens ou metrô, quando mesmo com o cenário mudando constantemente no fundo, o verdadeiro cenário é o próprio veículo. Outra situação é a do personagem, ou dos personagens caminhando ou em fuga, caso em que, mantido o continuum, a cena é a mesma. No entanto, é bom estar atento. Construções do tipo “Quando contornaram a esquina…” podem denotar a interrupção do continuum.

Antes de entrarmos no terceiro ponto, que é o PDV, o Ponto de Vista, temos que trazer uma coisa à baila, que é o foco narrativo, uma das características principais da narrativa. O foco narrativo pode estar na primeira pessoa (um personagem como narrador da estória), na terceira pessoa (que pode ser restrita ou omnisciente), na segunda, quando um personagem passa a fazer a narrativa através da fala de outro. No artigo “Elementos da narrativa”, no site escritacriativa.net eu trato a questão em mais detalhes.

Para nossos fins, exceto no caso de foco na terceira pessoa omnisciente, o que interessa é que uma cena tem sempre um protagonista, mesmo que esteja longe de ser o protagonista principal. E acredite, é muito raro que algum autor brasileiro, a não ser de forma inconsciente, adote esta aparente restrição, mas que em verdade é um facilitador para o entendimento do leitor. A utilização da terceira pessoa omnisciente pode parecer fácil para o escritor, mas resultará, se inexperiente, numa grande dificuldade de entendimento posterior. As passagens de PDV dentro de uma mesma cena ou são feitas de maneira magistral, ou infernizam a vida do leitor. O melhor mesmo, apesar de suas aparentes limitações (são só aparentes, acredite!) é a utilização da terceira pessoa restrita. Desta forma, para a melhor exposição do que queremos, vamos manter o foco narrativo na terceira pessoa restrita. Neste caso o autor só relata o que o protagonista (como já dissemos, seja ele quem for na estória) da cena vê e pensa.

Repetindo, mesmo que se trate de um personagem secundário funcionando como protagonista, a cena vai ser construida através de seus olhos, uma filmadora conceitual, máquina esta com a capacidade de filmar para fora e para dentro. Em outras palavras, filmar a ação percebida através dos cinco sentidos do protagonista da cena. Nada que acontece à suas costas, por exemplo, pode ser visto pelo personagem. Nada murmurado a uma grande distancia pode ser ouvido, e os únicos pensamentos descritos pelo autor dentro desta cena são aqueles do personagem. 

Para solidificar o entendimento do PDV , vamos fazer um exercício:

Pense em uma estória onde o personagem principal seja um ricaço sovina, escravo de sua própria avareza. Ele não desperdiça nem os seus centavos. Assim, ele é o nosso protagonista (o da estória, veja bem). Pense agora numa velha mendiga, que faz o seu ponto em frente ao escritório do granfino. Ela pode aparecer somente em poucas cenas, e ter a função, na estória, meramente de ajudar ao autor a demonstrar o caráter de nosso personagem.

Se contada através dos olhos do ricaço, a cena terá um efeito. Mas contada através da mendiga, a cena poderá ter força muito maior. Quais serão as nossas restrições? Como já dissemos, tudo o que o autor narrar ou descrever terá que estar sendo visto pela mendiga. Nenhum pensamento ou sentimento do ricaço poderá ser contado, a não ser através dos pensamentos ou observações da mendiga.

Vamos à cena:

A velha esparramou uma folha de papelão no canto da calçada, e sentou alí com seus farrapos, enquanto contemplava o outro lado da rua. Um portal de granito emoldurava a entrada de um prédio de muitos andares, donde poucas pessoas entravam ou saiam. 
A rua era estreita, e quando viu um bacana com aparência de rico atravessar o portal, disparou um guincho.
– Uma esmola, por favor!
O granfino pareceu ter levado um susto, fechou a cara. Já tinha atravessado para o seu lado, e ela viu que quase passaria ao alcance de seu braço estendido. Guinchou mais forte.
– Uma esmolinha, pelo amor de Deus!
O granfino levantou a mão.
– Droga, mas você é insistente mesmo, hem?
– Mas eu só pedi duas vezes! Por favor, eu tenho que sustentar neto, genro, filhos, nora, e até o vizinho!
Viu que o granfino olhava em volta, e estendeu a mão mais convicta ainda. 
“Aposto que ele está com medo de que o vejam me negando!”
Com um suspiro, o coroa bem vestido tirou um saquinho do bolso e começou a futucar lá dentro. Ao final, sacou uma moeda.
– Toma!
A velha olhou incrédula para a moeda em sua mão.
– Dez centavos! Você me deu só dez centavos!
Virou a cabeça ainda a tempo de ver o granfino sair de fininho.  Olhou de novo para a moeda e o insólito da situação a fez tornar-se irônica.
“Coitado do granfino! Desse jeito, vai ver que come pior do que eu…”
Com raiva, pensou por instantes em jogar a moeda fora.  Coçou a cabeça, e terminou por enfiá-la no bolso da saia imunda. 
De novo o guincho voltou a ecoar pela rua.
– Uma esmolinha por favor!(*)

Deu para você reparar que tudo na cena aconteceu sob o ponto de vista da mendiga? Mesmo quando relatamos os sentimentos do granfino, fizemos através da percepção da protagonista da cena. A outra característica de importância pode ser vista no final da cena, quando a “câmera” que usamos se volta para o interior da mendiga e relata os seus pensamentos.

Agora, vamos reescrever a cena, sob o PDV do granfino:

Passou pela portaria ainda tomado pelos resultados da reunião. Com certeza jamais iria ceder um tostão em sua comissão, mesmo que isso resultasse em perda do negócio. “É uma queda de braço – pensou – e eu não vou ceder droga nenhuma para esses sacanas”. A possibilidade de deixar de ganhar aquele dinheiro, por pouco que representasse em relação a sua fortuna, fazia a sua úlcera doer infernalmente. Tomado por sua irritação, atravessou a rua estreita.
– Uma esmola por favor!
Levou um susto com a voz guinchada. Era uma velha mendiga sentada na outra calçada, mas agora já à sua frente. Tentou desviar-se, mas a velha insistiu, guinchando mais alto.
– Uma esmolinha, pelo amor de Deus!
“Porra, já não basta os meus problemas e vem este traste me encher o saco?” Furioso, levantou a mão.
– Droga, mas você é insistente mesmo, hem?
A velha protestou.
– Mas eu só pedi duas vezes! Por favor, eu tenho que sustentar neto, genro, filhos, nora e até vizinho!
O granfino, preocupado com o escarcéu que a velha estava fazendo, olhou em volta. “Se alguém me ver discutindo com esta maltrapilha, estou ferrado! Acho melhor me livrar logo desse constrangimento! – tirou um saquinho do bolso e procurou por uma moeda. – Droga, cadê ela?” Mas, futucando a bolsa conseguiu encontrar a que queria.
– Toma! E sorriu para a velha.
“Espero que todo mundo tenha visto este meu gesto de despreendimento!”
Mas a cara da velha não estava do jeito que ele esperava.
– Dez centavos! Você só me deu dez centavos!
Por meio segundo o granfino ficou indeciso. “Mais uma moedinha e ela fica satisfeita, será?” Mas imediatamente voltou à razão.
“Porra de velha ingrata! O que é que ela queria? Se dou mais, sei lá, vai que me falta?”
Virou-se e se mandou rapidinho, enquanto de novo se torturava com seus problemas. Às suas costas, a cantilena retornou.
– Uma esmolinha, por favor!(*)

Foi possível descrever a mesma cena, a cada vez pelos olhos de um dos personagens. Na escrita de ficção, o autor terá diversas vezes este dilema pela frente. Através dos olhos de quem atinjo melhor os meus objetivos? Em nosso caso será que fica melhor a cena pelos olhos do granfino ou da mendiga?

(*) Estas são cenas alternativas para um conto em construção, com o título provisório de “Financistas”


Fonte: Escrita Criativa - Os segredos do escritor - http://migre.me/68vD2
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