Não era para ser. Era muito leve. Tão leve que voou na
primeira esquina. Não suportou nem mesmo a brisa tênue da manhã que sobrou da tempestade. Bastou o sol clarear a fantasia para a realidade empurrar
a vida de volta ao trilho, essa locomotiva pesada que carrega histórias nem
sempre tão frágeis. Não foi dessa vez que a faísca formou a chama que arde.
Ardeu sim, mas era débil, fugaz, apesar de raro. Nem toda a sintonia do mundo
pode ajudar. E mais uma memória não foi capaz de se formar para perpetuar o que
de fato faria a diferença na vida dos dois. Nem dele, nem dela. Ficou lá, no
meio da fotografia que um dia se apaga, sem peso, sem tudo o que poderia ter
sido. Se a exigência era leveza, foi tudo o que restou. Um conceito vago no
meio do oceano de possibilidades, negadas pelo medo, pela dor ou pelo peso que
nunca teve. No fim das contas, o que era para ser apenas leve, a vida levou.
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